quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam

Não é que o cristianismo deva sofrer uma mudança, é que ele MERECE ter uma série de reformas na sua base ideológica. Uma religião que nasceu progressista em relação aos costumes da época e que pregava, ACIMA DE TUDO(coisa que pastores, padres e papas costumam esquecer ou fingir não lembrar) o Amor ao próximo, não pode se deixar enveredar por caminhos diametralmente opostos às concepções que Cristo deixou nos seus escritos. Se você hierarquizar a importância das personalidades que ajudaram a estruturar o corpo central do cristianismo, creio eu que Jesus deva ficar em primeiro, seguido de São Paulo. O que se sucede é que ambos pregavam a renovação de conceitos arcaicos e anacrônicos, os quais não condiziam com uma sociedade que havia sofrido profundas mudanças tanto em termos de instituições constituintes, quanto no modo de relação interpessoal, que logicamente leva a mudanças ainda mais profundas e sutis no pensamento humano e, portanto, na concepção de divindade e do lugar do homem, enquanto homem, na sociedade e no próprio mundo. Portanto não deve-se nunca deixar de considerar o bom senso como uma importante variável no equacionamento das problemáticas sociais das quais o cristianismo trata, dando preferência sempre à INTERPRETAÇÃO de conceitos cunhados ao longo de anos de debates, em detrimento à cega dogmatização de preconceitos. Só assim, acredito, o cristianismo encontrará seu lugar ao sol perto dos jovens, que, mesmo muitas vezes com imensa curiosidade a respeito de assuntos teológicos, não mais entendem as divergências e hipocrisias de um sistema que não preza pelo diálogo, mas pela doutrinação do poder pelo poder e para o poder, abordando insensivelmente temáticas como a dos métodos contraceptivos e dos anencéfalos. Só assim vários jovens deixarão de ver o cristianismo como fruto do culto à ignorância e do abandono da liberdade própria de pensamento, e enxergarão uma Igreja como a que proporcionou, por exemplo, a criação de uma juventude extremamente politizada e bem articulada, a JUC, que viria a resultar num dos maiores movimentos de oposição ao regime militar. Só assim a Igreja retomará a função primária e maior, designada por Jesus a São Pedro, e que há muito vem sido manchada e deformada por bulas e tratados: a de farol dos fiéis, que nada mais querem do que o conforto de saberem que a casa do senhor a todos atende e a todos aprecia.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Mea Culpa

Eu gostaria de pedir desculpas ao senso comum por não querer endossar sua massa de manobra e fazer, por meio desta, o meu formal pedido de desculpas a todas as pessoas que já "ofendi" por ter tentado mudar o foco das conversas, preocupações e esforços dos nossos interesses egoístas para o interesse geral.

Peço desculpa por não conseguir me contentar com explicações rasas sobre os males de hoje em dia, que corrompem o nosso pleno desenvolvimento, seja ele material, espiritual ou intelectual. Minha única justificativa para esse crime de lesa à majestade é minha consciência que insiste em me remoer à noite, na cama, toda vez que penso no quão grave é o ato de deixar que tomem por mim decisões referentes às verbas produzidas por nossos trabalhadores e provedores. Essa minha consciência vem toda noite me dizer que nada muda se não mudarmos a nós mesmos primeiro, e é por conta disso que perco o interesse em debater coisas que não sejam soluções para os problemas que enfrentamos, bem como os próprios problemas, de modo a entender suas raízes e consequências. Rezo para que me perdoem por isso.

Peço desculpa por ser o chato militante que não se interessas pelas ortodoxias juvenis que pautam as conversas da maioria hoje em dia. Sei o quão inescusável é ter que lidar com minhas elucubrações malditas toda hora em suas timelines, quando na verdade o que vocês desejavam eram apenas fotos dos seus amigos em paisagens bonitas, sorrindo, mostrando o quão amável e divertido o mundo é para nós, ou, para alguns, apenas dicas de hipertrofia muscular. Mas eu não vou parar de me posicionar, nem tampouco parar de defender ferrenhamente meus posicionamentos. Eu prefiro formar uma opinião e defendê-la a paus e pedras do que não ter nenhuma e, por conseguinte, deixar que decidam por mim o que é o certo e o que é o errado(idealismo à parte, é claro). Peço desculpas, portanto, por minha audácia e impetulância.

Peço desculpas por tentar fugir do analfabetismo político que se prolifera mais, quantitativa e qualitativamente, do que um vírus seria capaz de fazer. Não sei o que Brecht tinha na cabeça ao escrever que "O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões políticas. O Analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe, o imbecil, que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais". Talvez ele fosse somente mais um desses caras chatos que ficam abordando essas bobagens de política, tão distante das nossas vidinhas confortáveis, não é mesmo? Oras, quem se importa se um dos piores bandidos do país dá uma festa de 2 milhões de reais com dinheiro público para sua filha e ainda faz divulgação na mídia local, mostrando total descaso para com as denúncias contra ele? Quem se importa se um canalha após o outro se reveza na cadeira de uma das nossas casas mais importantes, que é o Senado? Isso tudo é bobagem, não é mesmo? E por isso tudo, peço minhas sinceras desculpas.

Por fim, gostaria de pedir desculpas por ler, mas por ler livros que me abram a cabeça e me façam ter opiniões próprias, ao contrário do que livros ao nível "revista Veja" de literatura têm a me oferecer. Peço desculpa se isso, para vocês, é sinônimo de ser um pseudorevoltado que usa um iPhone e que por isso não tem o direito de criticar nada, mas justifico minha revolta com o seguinte fato: é revoltante não poder expor o que se pensa por pura coerção de um bando de imbecis que acham que sabem o que é certo sem nunca terem sequer terem descoberto o que é o errado. Peço, do fundo do coração, que me desculpem, porque se pareço meio louco e adjetivos do gênero, é porque não quero, não devo nem vou pensar como a grande maioria. Eu antes me amputaria, a dar minha voz de bandeja a um coro de anencéfalos sem qualquer solidariedade nas fibras.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Economia Política

Então, galera, hoje vou abordar uma ciência sobre a qual já venho lendo algumas coisas a respeito há algum tempo e que me despertou muito interesse por se tratar de uma ótima ferramenta para compreender algumas análises mais sociológicas da História, como as que Hobsbawm faz: a Economia Política. Bom, é simplesmente um dos assuntos mais complicados dentre todas as ciências sociais, tão complicado que vários autores de renome se contradizem até mesmo na simples definição do objeto de estudo, do que é e quando surgiu, de fato, essa ciência. Que fique claro que as opiniões aqui emitidas são semi-leigas, e que, por isso, têm a intenção mais de provocar em vocês o desejo de conhecer um pouco melhor essa ciência do que qualquer outra coisa. Tem também o intuito de tentar desmistificar essa ideia errônea que as pessoas têm da Economia, de que ela só trata de cálculos chatos, bolsa de valores, juros, crédito, câmbio etc.

Bom, meu interesse pela coisa não foi do nada. O que ocorreu foi quase uma feliz coincidência: eu tinha muita curiosidade acerca dos princípios e das bases do pensamentos marxista e queria começar uma leitura mais real sobre o assunto, a título de introdução, e fui pedir ajuda para meu padrinho, conhecido estudioso dos pensamentos e conceitos de Karl Marx. Vendo essa minha curiosidade como algo a ser estimulado, ele me passou uma série de textos introdutórios do pensamento marxista, como "O Manifesto", o prefácio da "Dialética da Natureza"(de Engels), uns trechos de "A Ideologia Alemã" e, por fim, o prefácio(e alguns trechos) de "Para Crítica da Economia Política". Esse último em particular me apresentou um leque bem amplo de conceitos básicos e imprescindíveis para melhor entender a ideologia marxista, os quais eu desconhecia o sentido real, tendo só uma vaga ideia do que se tratava realmente, como "forças produtivas", "modo de produção" e outros, dentre os quais o de "Economia Política". Eu assumi, como acho que a maioria faria, que se tratava de Economia, ou algo do gênero, e por economia eu entendia as relações e regras que narram tão somente exportações, importações e acúmulo de capital de um Estado ou grupo(uma visão estereotipada dessa ciência). Mas acontece que em determinado momento, Marx descreve a Economia, mais especificamente a estrutura econômica de um grupo, como "A base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política", e, pensando mais afundo sobre essa definição e as implicações que ela tinha, ficou evidente para mim, naquele momento, algo que eu já havia observado antes, mas que nunca havia dado a credibilidade devida: a economia é o que determina, em maior ou menor grau, tanto o corpo jurídico de uma sociedade(suas leis, suas penas, a configuração de seus tribunais, bem como a hierarquia deste etc), quanto o político(a forma de governo, a estrutura que determina como será a representatividade, o grau de participação de cada cidadão comum etc), e conforme eu ia me aprofundando nas leituras, mais ia vendo que precisaria de uma noção mais concreta do que é, de fato, essa Economia Política, do contrário ia me perder na leitura, algo fácil de acontecer quando se tem 16 anos e se tenta ler Marx. Foi então que fui buscar alguém, algum autor, que abordasse o assunto de uma forma tão didática quanto possível, e foi então que encontrei, nas coisas de minha mãe, um livro intitulado "Introdução à Economia Política", da Rosa Luxemburgo.

Rosa Luxemburgo era uma respeitada e conceituada economista alemã, marxista, do fim do século XIX e início do século XX, que dava aulas sobre "Nationaloekonomie"(Economia Política, que em alemão é, na verdade, Economia Nacional) na Universidade de Berlim. No livro em questão, ela aborda de maneira bastante didática, e às vezes até irônica, vários aspectos dessa ciência. Ela começa retratando justamente a dificuldade que os estudiosos têm em definir o que é e o que estuda essa ciência, citando e comentando de forma bastante divertida as definições de dois figurões da Universidade de Berlim, que falam, falam e falam ainda mais sobre o assunto, mas no fim das contas não falam absolutamente nada. Feito isso, ela convida o leitor a uma viagem pela história da evolução da produção e troca de excedentes da história humana, e então começa a aula sobre o assunto. Ela desenvolve um pensamento não-linear para explicar os fenômenos econômicos, mas relativamente fácil de ser seguido, e se utiliza de exemplos e situações em vários países para demonstrar o que deseja, começando pelo fenômeno da "globalização da economia", fenômeno esse que aponta a redução da autonomia da economia nacional(microcosmo) em relação à economia mundial(macrocosmo), sendo a primeira, nessa situação, uma célula componente de um complexo organismo(a segunda) que vem se formando há muito tempo; desde as interações multi-étnicas no mediterrâneo e os intercâmbios culturais ocorridos na Ásia, graças a unificações como as da China e a levada a cabo por Gengis Khan, até o ápice do processo evolutivo: a Revolução Industrial no final do século XVIII.

O livro se estende com vários exemplos da interdependência entre os países(como a impressionante produção industrial da Alemanha do século XX, país com baixa reserva de alguns minerais, mas que investia pesadamente no setor tecnológico, e que, portanto, via-se em necessidade direta de outros países para desenvolver sua principal atividade econômica). Nas palavras de R. Luxemburgo: "O proletário alemão, que fica no seu país e que se quer alimentar honestamente, depende constantemente, para o melhor e o pior, do desenvolvimento da produção e do comércio em todo o mundo. Terá ou não trabalho? O seu salário bastará para saciar mulher e filhos? Estará condenado vários dias por semana a tempos livres forçados ou ao inferno do trabalho suplementar de dia e de noite? A sua vida é uma oscilação contínua, dependente da colheita de algodão nos Estados Unidos, da ceifa do trigo na Rússia, da descoberta de novas minas de ouro ou diamantes na África, das perturbações revolucionárias do Brasil, dos conflitos alfandegários, das perturbações diplomáticas e das guerras nos cinco continentes. Nada é mais chocante hoje, nada tem uma importância tão decisiva para a vida política e social atual, do que a contradição entre este fundamento econômico comum, que cada dia que passa une mais solidamente e mais estreitamente todos os povos numa grande totalidade, e a superestrutura política dos Estados."

Entendendo esse processo narrado pela autora, começamos a entender o real papel da economia, bem como sua real natureza. Quando passamos a considerar a Economia o que ela realmente é(o estudo da produção intelectual e/ou material humana, a nível de subsistência e necessidade, seja ela real ou engendrada por fatores externos, e das relações interpessoais envolvidas no processo) e conferirmos a ela um caráter mais histórico-filosófico, vemos a poderosa ferramenta de entendimento dos fatos sociais que ela é. Vemos, por exemplo, a importância de saber das condições políticas e financeiras de países que exercem influência cambial no Brasil(de modo a entender quando estamos sendo ameaçados e como agir caso isso ocorra) e percebemos por que é que, por exemplo, quando um país aparentemente irrelevante em termos financeiros, como a Grécia ou a Espanha, quebra, todo um bloco econômico de gigantes(U.E.) sente os efeitos negativos. Entendemos como um país pode exercer seu imperialismo frente a economias menos desenvolvidas e, por meio de sanções econômicas e outros mecanismos, influenciá-las política e culturalmente. Em análises que requerem um grau maior de sensibilidade, o qual não disponho tanto quanto gostaria, começamos a entender como o capitalismo industrial, enquanto modelo econômico de produção, influencia nos nossos gostos, nas nossas relações(tanto amorosas, quanto fraternais, profissionais e religiosas) e como ele nos molda de modo a sermos ferramentas de coerção às tentativas de fuga dos padrões necessários à sua existência, como os impostos pela cultura de massa: a estética, a moda e, no fim de tudo isso, um verdadeiro "estilo de vida", um "american way of life", se preferirem assim.

Depois de considerar tudo isso, passamos até mesmo a entender o processo evolutivo histórico de forma diferente. Vemos a importância de se conhecer os hábitos econômicos do cidadão comum de cada sociedade, pois sabemos que é ele(e seus gostos, suas preferências), o qual constituiu sempre a maioria da população, quem serve de mercado consumidor e pauta grande parte, se não todas, as maiores relações comerciais tanto internas quanto externas do Estado no qual está inserido, independente do modo de produção da sociedade em questão, e entendemos que os eventos históricos marcantes são, na realidade, os desdobramentos da vida dessas pessoas(à exceção de alguns casos, como algumas guerras iniciadas por brigas entre famílias reais, por exemplo), isto é, a conjectura histórica de cada evento é pautada, e pode até mesmo ser aferida, pela economia. Oras, o que são as revoluções se não o extravaso dos anseios da maioria?! E o que são esses anseios se não relações econômicas(subsistência)? Levando isso em conta, vemos porque é que os burgueses se sobrepuseram aos reis absolutistas nos séculos XV-XVIII: os primeiros detinham o poder real sobre os meios de produção e começavam a se apoderar das forças produtivas, se utilizando inclusive de toda uma argumentação lógica, proveniente dos ensaios iluministas(em sua maioria, filósofos burgueses) acerca da legitimidade do poder, para alcançar o poder político, enquanto que os segundos, se entendermos o paradigma econômico europeu como algo em transição, passavam a ter seu poder e sua influência baseadas em relações cada vez mais frágeis, no que tange ao uso da razão, relações essas que nada mais eram além de resquícios de um espírito de medo feudal. Vendo tudo isso, compreendemos um pouco o lado mais orgânico da sociedade; vemos que a história não é tão somente a narração de fatos e datas importantes, mas se aproxima mais da definição de Marc Bloch: "A História é a ciência dos homens no tempo."

Fechando todo esse raciocínio, gostaria de convidá-los todos a se enveredarem por esse caminho de adoção de uma postura mais curiosa em relação às ciências sociais, pois são elas que nos ajudam a entender grande parte do que aconteceu no nosso processo de formação cultural de forma menos errada e, feito isso, o presente passa a fazer mais sentido, na mesma proporção em que respostas às questões da ordem da problemática social ficam mais claras. Desenvolvam o hábito de enquadrar seus estudos num processo dialético de se informar, contestar o que os foi passado, e extrair o produto disso para enriquecer seu conhecimento geral, sua bagagem cultural, porque só assim algo pode realmente mudar de verdade, bem como só assim você pode ter certeza de que nunca será enganado em relação a seus direitos e suas aptidões.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

C'est la Vie

Essa vida de terceiro ano não é mole não, rapaz! Achei que não teria mais tempo pra nada hoje, além, é claro, de averiguar os braços de Morfeu durante minhas 8 horinhas necessárias, mas o bom Universo conspirou para que eu recuperasse minhas forças, há horas perdidas, de modo a permitir-me tentar espremer algo dessa minha cabeça e  gentilmente ordenar esse sumo pseudointelectual nesse post. Se não para contribuir com as questões mundanas importantes, para pelo menos falar um pouco sobre o tempo, o jogo do Barça ou sei lá. Anedotas infâmes à parte, falemos sobre uma coisinha que vem martelando na minha cabeça há algum tempo e que, universalmente, mexe com a cabeça de todos os habitantes desse montículo de terra orbitando ao redor do sol, que chamamos de casa, seja o PhD de Harvard ou o subproduto de estereótipos das instituições de ensino de Brasília: o amor.
 Ah, o amor! Que coisa mais incomensuravelmente complicada! "Quem inventou o amor? Me explica por favor" já diria Renato, dando voz a tão somente todo o resto do mundo. Amor, ta aí algo que é anacronicamente cruel e cego, extremamente cego; tanto no sentido de não se deixar ser domado pela vontade "escolhedora" dos seres humanos, quanto no sentido de fazer umas verdadeiras merdas, com o perdão(?) da palavra, na vida de muitos, ou devo dizer quase todos? São raras as pessoas que acham de primeira a outra metade da laranja e alcançam o felizes para sempre(na verdade, essa última parte, ao meu ver, não é alcançada nunca, mas deixemos isso baixo rs). Esse amor, alguns teóricos sobre o assunto dizem, é tanto um fato social, por estar presente nas mais diversas formas de sociedades e as ordenam e moldam, como também um produto biológico do nível de complexidade das demais emoções, capacidades "abstracionais"(me amarro em neologismos, rs) humanas. Resumindo: não tem pra onde correr, meu caro, querendo ou não querendo, em algum momento de sua mísera existência, você há de se deparar com aquele ser que lhe causará sudorese, tremedeiras, taquicardia, alteração na produção de certos hormônios e todas as outras "deliciosas" sensações que vêm de brinde no pacote do cupido, por isso não fique triste, mas aceite isso como algo a ser vivido de forma boa(ou menos pior, em alguns casos). Vejamos então uma breve evolução desse sentimento e depois concluamos: por que essa necessidade de se atrelar a alguém?
Para falar um pouco dessa evolução, gostaria de mencionar uma estorinha engraçada que outro dia, na aula, meu professor de História me contou sobre esse amor que tanto nos instiga. Ele começou a aula diferenciando os tipos de amores "catalogados" pelos gregos, sendo eles: "Filo", que representaria o amor fraternal, como o do FILÓsofo pela FILOsofia, ou de algumas meninas por suas BFF's; o "Ágape"(não, não é o livro do padre Marcelo Rossi, embora se relacione com ele, em maior ou menor grau), que representaria o amor por uma figura de autoridade, envolvendo assim o respeito e a admiração, como a um deus, ou a seus pais, ou a qualquer figura que desperte em você um "quê" de reverência; e, por fim, o amor "Eros". Esse último é o que estamos abordando e o dono da estorinha que mencionei, visto que ela tem como tema central justamente o nascimento do deus grego Eros. Resumidamente, a estória nos conta que Pínia, a personificação celeste grega da pobreza(que fique claro que pobreza, no sentido mais filosófico e afastado das concepções capitalistas, é a "necessidade"), chega ao banquete de comemoração do nascimento de Afrodite, deusa da beleza, para mendigar comida. Lá sendo rejeitada, ela se depara com um outro deus, Poros, quadrilouco de tanto beber um néctar digno de Dionísio. Poros personifica nada menos do que a riqueza, no sentido de dispor daquilo necessários para se atingir os objetivos almejados(na Grécia, isso seria o ideal de perfeição intelectual e física, hoje em dia, seriam as verdinhas com a cara do Ben Franklin estampada all over it). Vendo isso, Pínia se aproveita e dá aquela fugidinha com Poros, e dessa união surge Eros.
Analisando a estória sabendo que os gregos eram um povo extremamente racional e que, diferente do que a maioria acha, os intelectuais compreendiam muito bem os mitos como analogias a questões filosóficas, podemos enxergar grande parte da opinião clássica acerca do nosso querido Eros. Oras, ele é filho da necessidade! Da ausência daquilo que satisfaz as necessidades básicas, sendo assim ligado à necessidade de estar buscando algo constantemente(dai vem tantos textos do Caio F. Abreu e Augusto Cury sobre o assunto no fb, se é que vocês me entendem rs), "mendigando" como Platão se refere ao caso n'O Banquete, de modo a sobreviver; criando projeções em terceiros, de modo a satisfazer-se; a necessidade de se completar levou à busca pela riqueza de outro deus. Mas também possui certo sangue azul, pois é filho da conveniência e dos meios de se atingir o que se deseja(Poros), facilitando nossos encargos e, uma vez completada as "necessidades", torna-se quase que um aliado. Ainda há mais sutilezas no conto que nos fogem numa análise rápida. Por exemplo: verifica-se a INSEPARÁVEL(essa vai para os hipócritas de plantão) ligação com a BELEZA, pois foi gerado no momento de nascimento da beleza, da sensualidade(Afrodite) e tornou-se mais tarde seu mais fiel servo. Isso tudo serve para mostrar a anacronicidade desse sentimento. Mostra-nos como somos apegados e amarrados a ele há tantos e tantos séculos, mudando alguns focos e padrões, sim, mas em essência mantivemo-nos cristalizados em se tratando de formas para lidar com ele.
Vista toda essa abordagem, mas desconsiderando uma aqui e outra acolá, cabe a nós refletir sobre a veracidade dessa nossa necessidade companheirística de ter alguém do nosso lado. Aos meus amigos não é segredo o quanto eu já penei(e peno) lidando com essas artimanhas necessárias à arte-semi-dança de Eros e Afrodite(isto é, já tomei muito pé na bunda), mas uma coisa é certa: poucas coisas na vida, ao meu ver, chegam perto do que se sente ao se estar na presença da pessoa de quem se gosta. Poucas coisas nos deixam tão fora de nós, nos transforma e nos faz passageiros em montanhas russas de sentimentos, que se emparelham nos nossos corpos e transbordam corpo à fora, como quando vemos a pessoa amada sorrir para nós, sabendo perfeitamente bem que aquele sorriso nos pertence, é nosso e de mais ninguém; não nos pode ser tirado por nada nem ninguém uma vez dado. A vida, além de breve, é complicada demais para sabermos o que fazer dela e seguir dogmaticamente essa ilusão. Sabemos(ou pelo menos nos é tentado fazer acreditar) que temos de estudar, nos formar e seguir alguma carreira. Mas eu pergunto: o que precisamos além do amor? Claro que muitas vezes vamos encontrar pessoas que nos decepcionarão(acreditem, eu, mais do que MUITOS, sei bem o que é isso rs), mas tendo ao seu alcance um verdadeiro receptáculo de felicidade, como o que é quando se ama e se é amado de volta, por que se importar com coisas superficiais? Já fui muito cético em relação a tudo isso, e continuo achando, hipocritamente, que meu caso está além de ajuda, mas vejo tantos e tantos exemplos de casais que deram certo, mesmo com dificuldades inimagináveis. Vejo, por exemplo, casais de homossexuais que lutaram contra todo um preconceito, engendrado nos mais diversos estratos sociais, sendo felizes só por terem um ao outro. Vejo casais de idosos dando novas chances ao amor mesmo depois de toda uma vida de experiências às vezes não muito frutíferas nesse quesito, e vejo muitos e ainda mais exemplos, e todos me mostram que, em algum momento, há de se achar alguém para deitar e ver o céu, apreciar um vinho, ler um livro, olhar nos olhos ou tão somente aproveitar a presença um do outro, e creio que é esse o momento no qual transcenderemos vários conceitos, como o de posse da pessoa, e as coisas ficarão mais simples, como Paul McCartney descreveu em "Here, There and Everywhere".
Fechando esse post(e o meu dia, afinal amanhã eu tenho cerca de 10 horas de aulas e já são 20:30), gostaria de pedir a todos, por mais romântico que soe, para que não tentem evitar o amor, nem tampouco tente se forçar a sentir aquilo que não se sente verdadeiramente. Paciência é das virtudes mais difíceis de ser alcançada, mas nunca é tarde para começar a praticar, e as recompensas são tão grandes e tão intensas(enquanto duram) que pode valer à pena se jogar em alguns precipícios, e digo precipícios para que não se enganem. Confiar toda uma gama de sentimentos e sensações(seu coração) a alguém é precisamente isso: pular num abismo e torcer para que a pessoa te segure. Às vezes algumas vão te deixar cair, sim, mas, na queda, pode-se achar pessoas dispostas a dar a mão e te resgatar, e é nesse momento que você começa a voar.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ética: pra que serve, além de me ferrar na prova de filosofia?

Bom, eu estava indo dormir, mas tenho um pouco de insônia e já selecionei algumas aulas pra tirar um cochilo amanhã, então resolvi gastar alguns minutinhos aqui abordando um tema praticamente não abordado, ou não abordado de maneira apropriada, pelas escolas: a ética.

Bom, a palavra "ética" vem do grego(como quase tudo no mundo ocidental rs) e significa mais ou menos "o que pertence ao caráter"(vlw wikipedia!), isto é, aquelas espécies de regras que mais são convenções sociais  do que qualquer outra coisa e que pautam o "bom comportamento" do indivíduo, na esfera privada e na pública(aquelas coisas de bons costumes). Pois bem, esse amontoado de regras, teoricamente, podem ser organizados para formar a conduta ideal, aquilo que faria com que os homens agissem de tal forma que tudo seria lindo e maravilhoso e toda essa baboseira, e abrangeria todos os aspectos da vida do indivíduo, desde a alimentação até a forma como ele se dirigiria às outras pessoas. Para os interessados em se aprofundar na formulação dessas regras e nas justificativas para tanto, tem duas obras que tratam bastante disso: a primeira se chama(rufem os tambores…………) "Ética"! E é do Spinosa. Nela ele aborda vários outros aspectos até chegar à ética, como a liberdade e o afeto, por exemplo, passando pela metafísica. A segunda, adivinhem só, se chama Ética também! Só que "Ética a Nicômaco", do Aristóteles. Essa em especial estou lendo agora, em parte para a escola, em parte por curiosidade, e mais tarde vou fazer um post decente sobre ela. Por hora, quero tratar de outras coisas, e não da ética em si, mas, por exemplo, de como ela é abordada, como poderia ser melhor abordada e porque é tão difícil abordá-la.

First things first, falemos sobre como ela é abordada nas escolas, pelo menos nas que eu já vi. Bom, ética é sempre aquele assunto que deixa todo mundo entediado, porque parece um pouco com mamãe e papai querendo nos ensinar o que não fazer, como agir e muitas vezes sem nem dizer o porquê, e imagina gastar preciosos neurônios e tempo ouvindo e lendo uns gregos de milhares de anos fazendo isso no lugar dos seus pais? As escolas se prendem muito à teoria, ao lado pragmático dessa questão, falando da importância no mundo antigo, da coesão social que isso conferia às antigas cidades-estado etc. Falam do laconismo em Esparta e explicam como isso era importante para a formação de uma sociedade militarizada que poderia sobreviver e se impor diante de outras, menos fortes e menos coesas e tal, mas eu aposto que você fica lá olhando puto só esperando o sinal tocar enquanto isso está sendo discutido, não? Pois é, você não está sozinho. A abordagem não é plena porque mexer com ética é mexer com uma série de valores, e nós, infelizmente, não vivemos num país onde há o diálogo entre pais e mestres na formação educacional do cidadão, e mais, vivemos numa sociedade que se amarra em meter um processo em professores que tentam fazer algo como inovar no ensino e coisas do gênero, então o resultado é: você puto, o professor frustrado e seu pai indignado com seu 4 em sociologia/filosofia. Passemos então para uma abordagem "um pouquinho melhor" da questão.

Você sabia que Aristóteles já abordava a fofoca que sua amiga(sem machismos de minha parte, galera, conheço vários cuecas que se amarram em fofocar sobre a gatinha do fds também) faz na hora do intervalo depois DAQUELA festa? Pois é, ele trata da quebra de confiança, de "contratos", porque ética também aprecia isso: a forma como você lida com suas amizades; as relações de confiança entre amigos, namorados, pai e mãe e muito mais! Se fosse pra estudar ética na prática, você teria que aprender a lidar com situações extremas e cotidianas, e a partir delas, desenvolver uma linha de raciocínio que fosse coerente com seus ideais, os quais adviriam das suas vivências e de suas ideologias(aposto que tá confuso né? rs). Explicando melhor: você teria que arranjar um jeito de agir, isto é, adotar uma conduta, que servisse pra você lidar com situações bobas, como rejeitar o convite de alguém, e situações complexas, como ter que escolher entre salvar uma vida ou outra. Ética deveria ser ensinada assim, dando aos alunos as ferramentas para construir as normas da vida de cada um, de forma que fosse coerente com a privacidade de cada um, o modo de ser feliz de cada um e as leis(é, sem anarquismos, galera rs), fazendo isso, imagina como o pátio da escola seria menos cheio de idiotices supérfluas e os presídios mais vazios. Deveríamos ler as obras e debater os porquês disso e daquilo e daquilo outro, chegando em pontos de concordância e debatendo amigavelmente as divergências, e não ficar copiando o que Nietzsche tinha a dizer sobre o assunto, mas a prática tem perdido lugar hoje em dia por conta dos vestibulares e das escolas mais conteudistas, o que nos leva ao nosso último assunto acerca da ética: porque é tão difícil abordá-la.

Não sou nenhum especialista em nada disso, que fique claro, minhas opiniões são de um rapaz que estava entediado às 23:00 do domingo e não queria ver o Fantástico nem o Pânico(e a NFL ainda não começou rs), mas de uma coisa eu sei: não nos incentivam mais a pensar de forma criativa. Eu mesmo fico agoniado com a quantidade de clichês que podem resumir grande parte da minha vida, e isso tudo acaba influindo no modo como nós lidamos com tudo, até mesmo assuntos com a "ética" e filosofia em geral. Incentivar a criatividade não é jogar uma folha na nossa frente e falar "vai, menino! Seja criativo!", não não, é arranjar meios de despertar a vontade de se esforçar, porque requer bastante esforço, e desenvolver pensamentos inovadores a partir disso, mas bem… isso é difícil pra caramba, galera. Imagine ai você sendo professor num país onde ainda tem gente que acha que isso não é profissão séria. Tendo que conviver com várias pessoas desinteressados pelo o que você tem a dizer e ainda por cima recebendo um salário que mal cobre as despesas da sua família?! Bom, é foda mesmo incentivar algo numa situação assim. Agora imagina ai, com tudo isso, abordar o assunto "ética", que mexe com a educação que seus país te deram? Porque é isso, mexer, moldar os valores, questioná-los e requestioná-los sempre, aprimorá-los para que eles venham a ser de tal forma claros que a convivência social seja harmoniosa e boa. Eu falei ali em cima que não há diálogo entre pais e mestres, mas em vários casos é bem pior que isso; em vários casos os pais processam professores sem motivo, tirando algumas liberdades que esses vinham a ter. Sei que tem casos que o professor está errado, vários casos por sinal, mas mesmo isso limita a ação do mestre. Tudo isso afeta a liberdade que o professor deveria ter para trazer debates mais complexos e profundos para os alunos, como células tronco, aborto, legalização de drogas etc, que é uma necessidade do mundo de hoje, para podermos avançar, mas avançar sabendo para onde estamos indo(ou pelo menos tendo uma ideia, já que a vida é tão complicada rs). Com isso formamos jovens que emitem opiniões sem saber nada sobre os assuntos em questão, ou que se abstêm de emitir qualquer opinião: preferem encher a cara na Bulla sábado a noite e é isso, ficam por isso mesmo(nada contra, desde que você saiba que a vida não se limita a isso). Oras, no Japão o professor é o único funcionário público que não tem que se curvar na presença do imperador! Aqui no Brasil tem uns deputadozinhos que se acham muito melhores que um mestre da educação. Mas bem, finalizando meu ponto, porque amanhã é dia de branco, quero dizer que esse é o problema da abordagem de várias coisas nesse país, principalmente da ética: ninguém sabe ao certo como se portar e poucos estão dispostos a sentar e, harmoniosamente, chegar a pontos comuns que possam apaziguar conflitos e melhorar relações.

Finalizo esse post dizendo a vocês que sempre que discordarem de algo que eu diga, ou se quiserem complementar/corrigir/debater algo, podem me procurar, seja na escola, na rua, no fb, no twitter, whatever. Estarei sempre disposto a participar debates construtivos, porque é isso que tá faltando no mundo: conversa amistosa sobre temas importantes, ou pelo menos mais importantes do que o campeonato carioca.


Deleite da mente

Bom, estou começando agora esse "projeto" e pretendo dar uma longa continuidade a ele. O "projeto" tem como intuito basicamente o seguinte: soltar o verbo quando eu bem entender haha. Vou tentar manter o nível de formalidade baixo, mas às vezes, quando trato de alguns assuntos mais, er… delicados, é meio inevitável dar uma vibe de coluna de jornal ao texto, mas whatever. Pretendo tratar de vários temas e espero que quem quer que leia, sejam uma, duas ou três pessoas, ajude, compartilhe opiniões e me dê ideias se possível e se desejado. Sou novatíssimo também nessa coisa de designer de blog, como vocês podem ver pelo layout do meu, então não se importem muito com isso, eu imploro haha. Considerem apenas as opiniões aqui expressas, as ideias aqui transmitidas e a energia que as permeia.

Com relação ao nome, bom, digamos que eu não sou lá um aluno tão aplicado, então o ócio, na minha vida, é uma parada abundante e eu estava aqui pensando "hey, por que não fazer algo útil com isso? Mas o que exatamente…? Aaaah, já me deram a ideia de fazer um blog pra tratar dos temas que me revoltam… quem sabe assim eu não tenho um enfarto toda vez que fico puto com algo?" e ai o resto foi criar a conta e dar início. Não tenho grandes pretensões com as postagens, longe de mim haha. Só espero encontrar gente interessante, que compartilhe dos meus interesses ou não, mas que seja interessante e com ideias bem construídas, porque tá meio complicado lidar com tanta superficialidade hoje em dia, tanta falsidade enrustida nos sorrisos e nos cumprimentos de alguns.

Pra fechar essa primeira postagem, gostaria de falar um pouquinho sobre minha pessoa(dá um desconto, como todo homo sapiens também sofro com a vaidade narcisista inata ao gênero humano) e falar sobre meus interesses, isto é, sobre o que vou abordar majoritariamente por aqui. Bom, brasiliense de 17 anos, filho de pais comunistas desiludidos, neto de uma guerreira da educação e um apaixonado pelas poesias e pelas leis, eu posso dizer que sou uma mistura meio exótica, cujo tempero principal é uma boa pimenta nordestina, embora eu seja fraco em demasia com a mesma rs. Desde cedo me apresentaram um mundo maravilhoso, encantado, cheio de felicidade, fantasias; heróis fortes e princesas lindas, esse tipo de coisa. Mas não, não é nem o mundo mágico do Walt e nem o Cartoon. Foram os livros. Gosto muito de ler, leio qualquer coisa que me indiquem, sem preconceitos, desde o alcorão até game of thrones(mas abro uma exceção com relação ao preconceito quando se trata do Paulo Coelho rs). Mas há uns dois anos mais ou menos me deparei com uma coisinha básica chamada filosofia e outra coisinha ainda mais básica chamada política, que me fizeram mudar muita coisa do que eu fazia e como eu fazia muita coisa. Sim, eu sou um daqueles chatos que fica falando sobre política e bla bla bla, i'm sorry, mas tentarei explicar algumas coisas por aqui de uma forma mais tranquila, e se você tiver curiosidade sobre o funcionamento de algumas coisas, tipo daquele H aqui no centro de Brasília cheio de doidão engravatado que acha que manda em alguma coisa, então você vai encontrar um "recanto" pra você aqui também(tive que mandar essa piadinha, desculpa, sociedade rs).

Bom, basicamente é isso, então até breve e espero que curtam minhas elucubrações, vulgo viagens, acerca desse amontoado de gente que não se entende, gente que se ama, gente que se odeia, gente que ganha muito, ganha pouco e não sabe se quer ganhar(cof… bota…cof…foguenses…cof), enfim, essa coisa complicada mas que nos acolhe, chamada "sociedade".